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Egressos da graduação em cinema da UFPB produzem série infantil inspirada em dinossauro do sertão paraibano

publicado: 15/08/2025 17h34, última modificação: 15/08/2025 17h34
"Davissauro" estreou em plataformas de streaming, unindo criatividade e cultura local, em uma produção audiovisual voltada ao público de 0 a 6 anos

Egressos da graduação em cinema da UFPB produzem série infantil inspirada em dinossauro do sertão paraibano

Alunos egressos do curso de Cinema e audiovisual, e do mestrado em Comunicação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), produziram a primeira série infantil realizada na Paraíba e que contou com recursos de um edital nacional. A série Davissauro estreou no último dia 13 em plataformas de streaming e conta com episódios rápidos, musicais e cheios de imaginação, voltados para o público de 0 a 6 anos.

Em cada episódio, a pequena Maya (Maitê Falcão) e seu amigo de pelúcia, o Davissauro, vivem situações do cotidiano que viram pequenas investigações afetivas: dormir, escovar os dentes, dividir brinquedos, o primeiro dia na escola, temas que se desdobram em clipes animados e canções originais para reforçar o aprendizado pela brincadeira. A série é híbrida, mistura cenas live-action com animação, e foi produzida pela Cabradabra Filmes, em coprodução com a Electra Filmes, com 13 episódios de 7 minutos cada.

A equipe conta com mais de 30 pessoas, e destas 6 são alunos egressos da UFPB e uma ainda é aluna na instituição. Taís Pascoal (diretora e roteirista de Davissauro), Janaína Lacerda (diretora de som) e Kakito Andrade (compositor) são egressos da graduação em Cinema e Audiovisual; os produtores executivos Thalita Sales e Raphael Aragão são egressos da graduação em Cinema e do Programa de Pós-graduação em Comunicação (PPGC); Lucas Mendes (diretor de arte) é egresso do PPGC e Bianca Rozálio (assistente de figurino) é estudante do curso de Radialismo da UFPB.

E o projeto da série Davissauro teve início em 2018, quando parte da equipe ainda era discente do curso de Cinema e Audiovisual da UFPB. A produtora Thalita Sales conta que na época os então estudantes se reuniram para desenvolver a ideia da série para um edital do Ministério da Cultura sobre narrativas audiovisuais voltadas para a infância. Ela explica que o projeto foi selecionado pelo edital nacional, concorrendo com diversos projetos do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, no entanto, em virtude da pandemia da Covid-19, só foi realizado em 2022 quando já tinham se formado.

Para compor a equipe, os realizadores buscaram incluir profissionais que também passaram  pelo curso de Cinema e que conheciam o projeto desde quando era apenas uma ideia inicial.

Uma das produtoras, a Cabradabra Filmes, também foi criada enquanto os produtores ainda eram estudantes da instituição, em 2017, por iniciativa de Thalita Sales e Raphael Aragão, 

“No início, a produtora serviu como uma espécie de laboratório e atuou em produções universitárias, como o longa-metragem Estrangeiro, dirigido por Edson Lemos, egresso de cinema e que contou com financiamento coletivo para sua execução. Ao longo do curso, conforme íamos nos capacitando, a produtora ganhava cada vez mais estrutura, com aquisição de equipamentos e desenvolvimento de projetos para editais municipais, estaduais e federais de incentivo à cultura, como aconteceu com Davissauro”, contou Thalita Lopes.

A professora Agda Pontes de Aquino, do Departamento de Jornalismo do Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA) também fez parte da produção da série, e foi responsável pelo Figurino. Para ela, é recompensador, enquanto professora, produtora audiovisual e cidadã paraibana, ver alunos egressos da instituição produzindo um material com qualidade e com a “cara” da Paraíba.


“É ver que a universidade está fazendo diferença na nossa sociedade, que nossos alunos estão fazendo um tipo de produção para fora da Paraíba, a obra paraíba de um jeito tão lúdico, tão profissional e tão aterrado com as nossas raízes, como a gente não costuma ver antes. Qual é a outra referência de série infantil cujas raízes são paraibanas e o tema é paraibano? A gente usa algodão colorido, a gente usa a pegada do dinossauro de Sousa, os personagens falam com o nosso sotaque, são nossas pessoas. É realmente um sentimento de grande satisfação. E está muito lindo!”, disse a docente.

Thalita Lopes também comenta que a formação na UFPB, por meio do curso de cinema, foi essencial para que os alunos egressos que fazem parte da equipe de Davissauro pudessem compreender a linguagem audiovisual e as necessidades do mercado.

“O corpo docente sempre nos incentivou a desenvolver nossos projetos e atuar na área a partir de estágios e parcerias entre o curso e as produções locais. Além disso, os encontros e amizades construídas dentro e fora da sala de aula entre os estudantes foram fundamentais para nossa formação, já que o cinema é uma arte que nasce da coletividade”, afirmou Thalita.

Sobre a série Davissauro

Inspirada no Iguanodon, dinossauro associado aos sítios paleontológicos do sertão paraibano, "Davissauro" foi criada a partir de um processo que uniu pesquisa, cultura regional e criação artística original. A série incorpora elementos da cultura nordestina em figurinos, cenários e na sonoridade de suas músicas, valorizando as referências locais.

O trabalho somou pesquisa, criação musical, animação e gravações com elenco infantil. O projeto foi aprovado em edital público do Ministério da Cultura (edital SAV/MINC/FSA, 2018) e seguiu para filmagens e pós-produção com uma equipe majoritariamente paraibana.

A produção gerou impacto direto na economia local. De acordo com o também produtor executivo Raphael Aragão, o projeto fomentou mais de 30 empregos diretos e movimentou serviços como transporte, alimentação e hospedagem. “Foi um trabalho complexo, que envolveu gravações e contando com desenhos e músicas originais criados por artistas da terra”, destaca.

Davissauro aposta na criação de conteúdo original (canções, ilustrações e sequências animadas) que dialoga tanto com famílias quanto com educadores. A série propõe, com leveza e humor, criar rotinas afetivas e referências, e o formato musical ajuda a fixar as lições de forma natural e lúdica.

Visualmente, o programa alterna o real e o imaginado: há cenas com os atores gravadas em estúdio ou em locações, enquanto os momentos musicais se transformam em videoclipes animados que ampliam a imaginação de Maya. 

O tom didático da obra não perde o humor nem a sensibilidade. A narrativa privilegia imagens e situações do cotidiano, como uma mesa de jantar, o momento de dormir ou um abraço reconfortante, com o objetivo de refletir as pequenas conquistas do dia a dia e promover identificação entre crianças, pais e educadores.

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Texto: Elidiane Poquiviqui
Imagens: Divulgação de Cabradabra Filmes e Electra Filmes