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Alunas da UFPB vencem maratona de programação Devs de Impacto com projeto voltado à educação inclusiva para autistas

publicado: 17/11/2025 12h28, última modificação: 17/11/2025 12h31
Segundo e terceiro lugares também ficaram com equipes formadas por estudantes da UFPB

Três equipes formadas por estudantes dos cursos de Ciências da Computação e Ciência de Dados e Inteligência Artificial da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) foram vencedoras do Hackathon Devs de Impacto edição João Pessoa, ocorrido nos dias 8 e 9 de novembro. O evento foi uma maratona de programação que reuniu 18 equipes, em 48 horas, para criação de ferramentas que, por meio da inteligência artificial, pudessem contribuir com a superação de desafios para a equidade e qualidade da educação pública na Paraíba.

 Alunas da UFPB vencem maratona de programação Devs de Impacto com projeto voltado à educação inclusiva para autistas

Após 36 horas de programação, a equipe composta por Emyle Lucena, Beatriz Pessôa e Maria Clara Dantas, todas do 4º período do curso de Ciência da Computação, conquistou a primeira colocação desenvolvendo uma plataforma de e-learning adaptativa chamada Andori. Já os estudantes Luigi Schmitt, Miguel Queiroz (4° período de Ciência da computação) e ⁠Daniel Victor (5° período de Ciência da computação), juntamente com o estudante do IFPB Gabriel Carvalho, conquistaram a segunda colocação na competição desenvolvendo a plataforma educacional Sabiar.

Os alunos Adriel Ferreira e Erlon Lacerda (8º período do curso de Ciência de Dados e Inteligência Artificial), Rauana Carvalho (5º período de Ciência da Computação), somados à Gabriela Cavalcante (profissional da área), ficaram com a 3ª colocação desenvolvendo o projeto Equidar.

Entre todos os participantes, a equipe vencedora se destacou não apenas pela proposta inovadora, mas também por ser a única formada exclusivamente por mulheres, um marco importante em um ambiente ainda predominantemente masculino no setor de tecnologia. 

O projeto apresentado, o Andori, é uma plataforma de e-learning adaptativa que utiliza Inteligência Artificial generativa para criar roteiros de aula personalizados e inclusivos voltados a alunos neurodivergentes, especialmente aqueles com Transtorno do Espectro Autista (TEA). 

De acordo com Emyle Lucena, que liderou a equipe, a ferramenta tem como foco apoiar professores e gestores educacionais, tornando o ensino mais acessível, dinâmico e alinhado à realidade de cada aluno. “Por meio da Inteligência Artificial generativa, o conteúdo escolar é adaptado ao universo de interesse do estudante, transformando, por exemplo, uma lição de matemática em uma narrativa ou exemplo conectado ao seu hiperfoco. Essa personalização faz com que o aluno preste mais atenção, interaja com o conteúdo e se sinta parte do processo de aprendizagem, tornando as aulas mais atrativas e inclusivas”, explicou a estudante.

 

Emyle contou que o reconhecimento veio após uma intensa maratona de dedicação. “Acho que a felicidade veio de vários motivos. Foram dois dias intensos de hackathon, quase sem dormir (cochilamos só uns 40 minutos) para entregar o projeto no prazo. Éramos a única equipe totalmente feminina entre 18, com apenas três integrantes, o que trouxe um peso e uma pressão enormes. Quando soubemos que havíamos ganhado, a alegria foi muito grande, estávamos inseguras e exaustas”, relatou.

A aluna destacou ainda o protagonismo da UFPB no evento. “Tinha muita gente da UFPB participando e os projetos de todos tiveram muito destaque, o que ficou evidente no pódio. Acho que o Centro de Informática tem um diferencial, que é oferecer oportunidades desde cedo para os alunos aprenderem na prática, participarem de projetos reais e se prepararem para o mercado. Isso fez toda a diferença e mostrou o quanto o pessoal da UFPB estava pronto para um hackathon tão grande”, pontuou a estudante.

Segundo as criadoras, a proposta do Andori promove a inclusão do aluno neurodivergente sem alterar a dinâmica da sala de aula, integrando todos os estudantes no mesmo ambiente de aprendizado. A plataforma propõe uma nova forma de pensar a educação inclusiva, valorizando a individualidade de cada estudante e dando aos educadores ferramentas práticas para construir um ambiente de ensino mais empático e eficiente.

As integrantes da equipe planejam continuar o desenvolvimento do projeto e já iniciaram conversas com possíveis parceiros para aprimorar a versão criada durante o hackathon. A ideia é disponibilizar a plataforma online para testes e, em seguida, buscar orientações de profissionais das áreas de psicologia e psicopedagogia, garantindo que a ferramenta atenda de forma adequada às necessidades de alunos neurodivergentes. As vencedoras receberam premiação em dinheiro e em créditos de API da OpenAI.

UFPB domina o pódio

O segundo lugar ficou com a plataforma Sabiar, ferramenta foi criada para auxiliar diretores escolares na análise e no acompanhamento do desempenho de suas turmas e alunos, oferecendo uma visão mais clara e estratégica da realidade escolar.

De acordo com o líder da equipe, Luigi Schmitt, o Sabiar surgiu para suprir uma lacuna enfrentada diariamente por gestores educacionais. Muitos diretores, segundo o estudante, não dispõem de ferramentas adequadas para identificar padrões de desempenho nas turmas, compreender fatores socioeconômicos que interferem no aprendizado, acompanhar a evolução dos estudantes ou elaborar planos de ação personalizados.

“Nossa solução pega dados socioeconômicos de cada aluno através da matrícula deles no colégio e de dados públicos da escola e do estado e utiliza eles em nosso modelo de Aprendizado de Máquina baseado em clusters para comparar com as notas e o desempenho desse aluno X e gerar gráficos interativos e insights de como o desempenho escolar dele se relaciona com suas variáveis socioeconômicas”. disse o aluno.

Segundo o grupo, a missão principal do projeto é garantir que cada estudante seja visto de forma individualizada, contribuindo para uma educação mais equitativa não apenas na Paraíba, mas, futuramente, em todo o país.

O projeto Equidar, que ficou com a 3ª colocação,  é uma ferramenta que mapeia escolas da Paraíba e ranqueia suas necessidades de acordo com um índice de carência, com o objetivo de auxiliar gestores a destinarem recursos educacionais de forma mais estratégica. 

Segundo o líder da equipe desenvolvedora do Equidar, Adriel Ferreira, foi gratificante e emocionante ter o trabalho reconhecido e receber a premiação. “Eu sou apaixonado por impacto social, educação e tecnologia e poder unir esses dois mundos no hackathon. A gente atualmente fala muito sobre inteligência artificial e como ganhar mais dinheiro com ela, ser mais produtivo, mas também seria interessante utilizar essa ferramenta para melhorar políticas públicas, não só na educação como em outras áreas”, afirmou.

A equipe também pretende continuar o projeto, aprofundando a pesquisa para apresentar aos profissionais da educação e gestores, a fim de analisar se o projeto pode ter aplicabilidade.

O Devs de Impacto foi organizado pela SomosApplyBrasil e iMasters, com produção da NewHack e apoio da OpenAI. 

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Texto: Elidiane Poquiviqui
Fotos: Tiago Trindade /  Devs de Impacto / Arquivo Pessoal de Luigi Schmitt